sábado, 25 de setembro de 2010

Abecedário das Dúvidas

A- Amor é como uma bolsa Hermes, que dura para sempre?
B- Se a beleza vem de dentro, porque me mato tanto, para ficar belo por fora?
C- Correr contra o tempo, não é uma corrida perdida?
D- Devo ser feliz ou devo ter vergonha na cara?
E- Errar é humano, perdoar é divino, mas e o chifre, quem é que vai aplacar os nossos chifres?
F- Forçar a barra para alguém ficar com a gente, vale a pena?
G- Geralmente, quem mente uma, mente muitas vezes?
H- Homem e monogamia não combinam?
I- Investir em alguém menos rico e inteligente que você é um erro?
J- Jogar tudo para o alto e viver um grande e rápido amor, é uma decisão adulta?
L- Ligar para o bofe, já no dia seguinte, é sinal de maturidade ou é sinal de ansiedade?
M- Mimar a pessoa amada é um erro?
N- Novidades o tempo todo na relação, não cansa?
O- Ouvir é realmente uma virtude?
P- Pagar na mesma moeda, alivia a alma?
Q- Quem paga a conta do motel, o homem ou a mulher?
R- Relações a base de troca de favores funcionam?
S- Sentimentalismo barato deve ser erradicado no lugar da praticidade?
T- Tesão pode virar amor?
U- Utopia ainda existe e é virtude?
V- Vale tudo na guerra do amor?
X- Xícaras são felizes sem os seus supostos pires?
Z- Zangar se por supostos esquecimentos da pessoa amada é ok?

Ah, a vida e suas dúvidas…
Evandro, cada vez menos santo.

Agora sim!


Você se Odeia? Use esmalte tomate!

Por Um Final de Semana Felino

Te adoro Carpinejar II

1) Sandra Rosa Madalena, de Sidney Magal: um Raul Seixas diluído em propaganda de xampu. Quando a pieguice inventa de ser filosofante: 'Queria ser o seu princípio e ser seu fim'. Brega total. Para cantar no engarrafamento de SP.

2) Borbulhas de Amor, de Fagner: campeão do karaokê, talvez pelo beicinho no momento de cantar o refrão do peixe. Para nadar, nadar e morrer na praia.

3) No Hospital, de Amado Batista: legítimo representante do amor dodói, coitadismo em estado puro. Traz a viuvez como prova de que o macho pode ser fiel. Para cantar na fila da Previdência.

4) Pare de Tomar a Pílula, de Odair José: o terror das empregadas é um injustiçado, merecia bem mais crítica. Um grito do varão preguiçoso, que não deseja nem se mexer para colocar camisinha. Para cantar na Vara de Família no momento de acertar a pensão.

5) Garçom, de Reginaldo Rossi: é um hit engraçado, com uma nostalgia ébria dos anos 50. Uma homenagem ao terapeuta mais barato do mundo, que somente cobra 10% para escutar nossas lamúrias. Para cantar ao pedir a conta.

6) Macarena, de Los del Río: é a típica música-enjoada, de brinquedo de criança. Ninguém sabe a letra e vai enrolando. O importante é a coreografia. Foi responsável por mais da metade das broxadas no final dos anos 90. Quase entrou como um extra ocidental do Kama Sutra.

7) Como uma Deusa, de Rosana: é a nossa Celine Dion, é o nosso Titanic. Depois dela, muitas mulheres abandonaram o Olimpo, aceitaram a celulite e desistiram de imitar a Vera Fischer. Para cantar no velório.

8) I Will Survive, de Gloria Gaynor: conhecida como clássica música GLS. Todo homem que se preza deve enfrentar o teste. Se dançar é gay. Se não dançar é gay. Praticamente impossível não rebolar e mexer os braços. Um desabafo escrachado para viver o amor sem nenhuma vergonha.

9) Pelados em Santos, de Mamonas Assassinas: irreverência nunca tem medida certa. Virou hit da torcida do meu time. Não há como ser elegante no estádio. Para cantar levantando o caneco.

10) Purple Rain, do Prince: marcou toda a minha geração. Nas reuniões dançantes, era o golpe derradeiro para beijar o pescoço da menina. Ela ficava tão paralisada com a breguice que não reclamava. Para cantar no asilo.

11) Can’t Stop Loving You, de Van Halen: banda formada no ano em que nasci, coisa boa não é. Canção que nasceu para trilha internacional de novela, dor-de-cotovelo e choro no escuro. Para cantar após descobrir que sua mulher tinha um caso com o porteiro.

12) A Lua me Traiu, de Calypso: essa vale por todas as anteriores e ainda sobra. Para nunca cantar.

Publicado no jornal O Estado de São Paulo
Minha Trilha, Caderno 2
Música, D-6
São Paulo (SP), 04/9/2010
Postado por Carpinejar às 09:43 22 comentários
Marcadores: Notícia

Te adoro, Carpinejar I

Roupa não melhora um homem, mas pode piorá-lo. O guarda-roupa é meu confidente. Parto da tese de que o armário, depois de guardar tantos gays, é capaz de oferecer os melhores conselhos. Quando cansado, vou arrumar as roupas. Não as bagunçadas e as que ficam atiradas no espaldar da cama e da cadeira. Retiro as pilhas das estantes e dobro tudo de novo. Apenas o trabalho inútil dignifica. Sei pelo cheiro do tecido qual a última vez que coloquei.