terça-feira, 16 de agosto de 2011

Um tomara-que caia que virava saia


Sempre se inventa, se inventa o que é de sempre. Fui criada solta, dividida entre as casas das minhas duas avós: uma mais ensolarada, onde fica hoje o "Barriga Cheia" onde se podia tudo, e uma mais comportada, e imponente, em frente à praça.
Em uma se regava as plantas e corria com a cachorra que era quase um porco, a Teca, na outra eu aprendia tricô, a tomar café na xícara de princesa e a me sentar como uma menina.
Em uma eu comia funcho e grama e a vó fazia todinho feito em casa que se tomava com uma bomba de chimarrão que era o meu canudo,e ouvia os discos da Chispita.Na outra eu ia à padaria do Conka comprar pão cabrito e leite que era enrolado no jornal e na feirinha da São João.
Em uma os vidros de perfume da penteadeira de louro com 3 espelhos que me multiplicavam eram princesas e príncepes em um baile. Na outra, sentávamos na varanda para ver o carnaval e as debutantes passarem.
Em uma se jogava domimó e devagar se vai ao longe. Na outra usávamos salto alto, vestidos e estolas de pele para sentarmos no sofá de veludo bordô, que fazia parte do cenário,claro.
Em uma víamos os filmes "O Príncipe e o Mendigo", "A Lagoa Azul", "A fúria de Titãs" e é claro, "...E o Vento Levou"-sempre que passavam na tv. Na outra assistíamos "Os trapalhões" e "Roque Santeiro".
Em uma fazíamos casamentos com os guris da vizinhança. Na outra,shows como vedetes e show de calouros saindo por trás das cortinas, que ocupavam a parede inteira.
Em uma a blusa tomara-que -caia virava saia e a gente andava descalça. Com a outra, fui á loja Cinderela comprar meu primeiro par de botas brancas.
Em uma sempre se tinha ingressos para o circo e para o parque, que quando vinha se instalava ali perto. Na outra, se comia oferendas deixadas pela umbanda na praça.
Em uma se decifrava os planetas, as bandeiras e o corpo humano nos livros. Na outra fugíamos do Macaco da Barateira!

3 comentários:

  1. me emocionei! passou um filme na minha cabeça, do tipo super 8, igual ao que assistiamos quando a tia vinha de são paulo...fico feliz em partilharmos destas lembraças, minha irmã!forte abraço.

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  2. nossa que memoria meu amor ,adorei ler tudo isto pq vivi com vc estas coisas tbm,nçao esqueça do trem fantasma que a tiazinha te levava tbm rsrsrsrMAartha

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  3. As lembranças são uma oportunidade de retomar, pelo menos em pensamento, bons momentos que vimos, vivemos e amamos. Nos servem como inspiração, pois fortalecem a busca pela felicidade. Acredito que tendo uma infância assim você deve agradecer por ter mais que carinho de vó e sim duas avós. Parabéns e seja feliz, afinal tens as ferramentas pra isso!

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