segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Biografias-Por Tony Belotto

Não sou muito chegado a ler biografias. Mas leio de vez em quando. Assim como em qualquer outro gênero literário, o que conta nas biografias é a qualidade literária e não o gênero em si. Adoro ler as biografias escritas por Rui Castro, por exemplo, que é um grande escritor. As biografias de Nelson Rodrigues (O Anjo Pornográfico) e Garrincha (A Estrela Solitária) são particularmente brilhantes.

Fernando Morais é outro que se sai muito bem no gênero. Olga, sobre a vida de Olga Benário, e Chatô, sobre Assis Chateaubriand, são livros excelentes. Nelson Motta também mandou muito bem na biografia de Tim Maia. Registro aqui também o primoroso trabalho que os jornalistas Andre Alzer e Erica Marmo fizeram na biografia dos Titãs, A Vida Até Parece Uma Festa. Há outras muito boas, mas no geral acho biografias desinteressantes – ainda que os biografados sejam interessantes -, não sei explicar por que. Talvez pelo fato de ser um romancista e portanto creditar à imaginação e à invenção a parte mais interessante do trabalho literário.

Por exemplo, sou fã do guitarrista inglês Eric Clapton, e ouvi muitos elogios à sua biografia, mas não consegui abrir o livro e começar a ler. Autobiografias então, dessas eu desconfio muito. Já acho meio esquisito alguém ser biografado antes de morto – pois se a vida de uma pessoa perfaz um ciclo, espera-se que esse ciclo tenha terminado para que se possa analisá-lo por inteiro.

Agora, alguém escrever a própria biografia? Me parece algo absolutamente não confiável. Leio que Fiuk e Luan Santana terão suas biografias publicadas em breve. Nada contra, acho os rapazes gente fina e talentosos, mas não são muito jovens para já merecerem uma biografia? Bem, há demanda, e não faltarão filas de menininhas ardentes a comprar as biografias dos dois mancebos. Estarei com inveja? Papo de tiozão? Sei lá. Pode ser. Keith Richards, que é meu ídolo supremo, acaba de lançar uma autobiografia. Por mais que eu admire o beatífico, ensandecido e enrugado guitar hero inglês, não me sinto animado para ler sua biografia. Vou comprar o livro, claro, principalmente para dar uma olhada nas fotos.

E leio que Lobão também acaba de lançar uma autobiografia. Lobão há muito já provou que é um polemista e frasista bem superior ao compositor relevante que gostaria de ser, e com certeza não faltarão histórias divertidas, algumas alfinetadas e ressentimento nas páginas de sua biografia. Mas acho que não vou ler. Estarei com raiva? Com medo que ele fale mal de mim? Sei lá. Pode ser. De qualquer forma, acho que vou pescar um livro de Jorge Luis Borges na estante, e ler uma biografia imaginária de algum personagem inventado pelo genial escritor argentino. Com certeza me sentirei mais conectado à realidade e um pouco mais sabedor da essência humana.

Livro…

…. Richard Burton, de Edward Rice, uma excelente biografia de um personagem muito interessante, real, um inglês aventureiro cuja vida daria um belo… romance!

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