sábado, 20 de agosto de 2011

Quando tudo foi Ficando Para Trás

Tinha tudo. Até começar a frequentar a escola:
Minha mãe um dia bateu a cabeça na porta do meu quarto e um galo enorme e roxo tomou conta de todo o seu rosto que era tão miúdo. Não queria ir, pensei que ela fosse morrer. Chorei na aula, quebrei os óculos. Todos riram da minha dor;
Desenhava vestidos e não bobagens como as férias em família e já entrei na escola conhecendo a leitura, os planetas, as cores e o corpo humano. Eles riam;
Brinquedos infantis com areia, balanço e gira-gira sempre me deixavam suja ou tonta, ou pior me faziam vomitar em público. Eles riam;
No dia das mães, a minha chegou atrasada e eu me senti muito solitária, não contive as lágrimas de tanto pavor, uma cartolina amarela em forma de flor com um elástico destacava ainda mais minha cara inchada. Todos se enfureceram;
Na hora dos esportes, pior ainda, crianças quietas não devem ser expostas...
Eu não pertencia ao time.
Eles arranhavam meus óculos na pedra
Batiam no lápis e estragavam meus desenhos
Às vezes era preciso levar minha irmã comigo, para não parecer tão solitária...
Casa das avós, só nos finais de semana. Assim uma pausa para ter vida.
Um alento, um alívio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário