sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Belas




Existem mulheres que se levantam pela manhã, passam uma água no rosto e vão para a rua, intocadas como a natureza as fez. Benditas sejam. E existem todas as outras, que diante do espelho, se entregam ao ritual de dar uma forcinha ao patrimônio genético, reinventando diariamente a persona com que se apresenta ao mundo.
Desde Nefertiti, a deslumbrante rainha que reinou no Egito até há quase 3.400 anos até Catherine Zeta Jones, a atriz que foi considerada o modelo hollywoodiano de beleza deste terceiro milênio.
Na rainha egípcia , as sobrancelhas raspadas e redesenhadas, como em Greta Garbo, a musa sueca, são quase masculinas pelos padrões atuais, mas todo o resto poderia frequentar páginas de revistas de celebridades, dos lábios carnudos ressaltados pelo vermelho, aos olhos contornados, praticamente como idênticos à maquiagem usada por Elisabeth Taylor.
A ensaísta americana Camile Paglia escreveu que “O Egito inventou o glamour, a beleza como poder, o poder como beleza”, usando o busto de Neffertiti, descoberto por arqueólogos alemães no início do século XX, como o marco zero desta invenção.
As semelhanças nos truques de maquiagem já foram estudadas por vários ramos da ciência, desde a antropologia até a psicologia evolutiva, que busca as raízes do comportamento atual.
A ideia geral da maquiagem é ressaltar os traços de juventude e e saúde valorizados pelos nossos ancestrais mais remotos.
Para toda uma corrente feminista, as mulheres são seres frágeis e indefesos cruelmente manipulados por uma indústria perversa que as obriga a se conformar a rígidos padrões de beleza. Será?

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